quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Pequeno manual sobre o AMOR (parte IV)

Da lamechiche: antes, durante e depois de amar, existe a tendência para o reforço do fenómeno que transforma as pessoas em ser melosos, com grande vocação para o sofrimento e uma enorme capacidade para alterar a língua-mãe, adoptando diminutivos para tudo o que é adjectivo ou substantivo.

Sofre-se antes pelo amor não correspondido, mesmo que as certezas sejam infundadas; sonha-se a largo prazo, fazem-se planos de algodão, criam-se esquemas, constróiem-se armadilhas; são lágrimas, noites mal dormidas, poemas e canções de amor tristes e melancólicos, desabafos sem fim, olhos de carneiro mal-morto quando se enxerga o ser amado.

Durante, é a sedução com palavras tão doces que se tornam enjoativas; a perseguição e a falta de espaço, o sufoco; o exagero dos abraços constantes, dos beijos a toda a hora, da ‘fofice’ sem mais nem menos.

Depois, ah depois…, depois é a dor do fim, a miséria da separação, a angústia da solidão. E voltam-se às lágrimas, às noites mal dormidas, aos poemas e canções de amor tristes e melancólicos, aos desabafos sem fim e aos olhos de carneiro mal-morto quando se enxerga o ser amado.

Bem vistas as coisas, todos estes sintomas se misturam e distribuem por todas as fases. Quem nunca foi perseguido no antes e no depois (nos casos em que o durante acontece)?

Cabe ao amante sacudir a tristeza e afastar a melancolia. É ele o único responsável pela própria felicidade, não podendo jamais sucumbir a pensamentos menos positivos. O amante tem que procurar ocupar o tempo e as ideias, de forma a não deixar tempo para se lembrar do ser amado. Acreditar em si e reforçar a sua auto-estima; reconstruir o orgulho próprio e ser autónomo. Não mendigar o amor, esquecer que ama e recordar apenas o que amou, quem amou, como uma memória perdida e feliz.

E, se necessário, aprender a perdoar, para que a mágoa não bloqueie a sua capacidade para amar de novo.

(este post veio a propósito de uma letra dos Toranja mas não encontrei nenhuma das músicas que realmente queria no YouTube – fica esta; podem sempre procurer as letras Fim, Nada, Dá-me Ar, Quebramos os Dois, etc…)

1 comentário:

A Espuma dos dias disse...

Para quando a parte seguinte e a inserção de fotografias a ilustrar.
Afinal, a autora é especialista no tema.