Pequeno Manual Sobre o Amor (parte XII)

Do Amor e do Ego

(uma história em forma de metáfora enviada pelo meu intérprete no Paquistão, Moazzam).

Era uma vez uma ilha onde todos os sentimentos viviam em perfeita harmonia.
Um dia, uma tempestade no mar foi tão forte que provocou a submersão da Ilha. Todos os sentimentos se uniram ao Medo mas o Amor resolveu fazer um barco para salvar os companheiros.
Quando estavam a bordo deram pela falta do Ego. O Amor tentou dissuadi-lo a entrar no barco mas o Ego não se mexeu.
Então, o Amor, desceu do barco, contra os protestos de todos, e continuou a tentar convencer o Ego a juntar-se a eles para que se salvassem.
A tempestade aumentou e o barco teve que partir. O Amor morreu por causa do Ego.
...
Deixar o Ego para trás para salvar o Amor, parece-me bem. Concordo que muitas vezes as duas partes têm as mesmas vontades mas hesitam por pensar que o outro sente de forma diferente ou não está de todo interessado. E perde-se o Amor não só pelo Ego mas também pelo Medo e pela Ignorância.
Sou a favor da tentativa, de deixar a Vergonha para trás e arriscar o contacto. Confesso que há resultados (in)esperadamente agradáveis. Ou não. Neste caso, fica-se, pelo menos, com a certeza que não vale a pena. Mas há quem tente outra vez. E outra. E, às vezes, outra ainda. A esperança é mesmo a última a morrer e, aqui, costuma morrer tarde.
A luta contra o Orgulho e a Vaidade terá limites, porém. Limites para além dos quais deixa de ser uma luta contra o Ego para se tornar em melguice e total falta de dignidade.

Saber onde está a fronteira pode ser a grande questão.